Mais informações sobre alimentação supervisionada e saúde gestacional

Estudos na área da nutrologia têm evidenciado a importância do DHA (ácido docosahexaenoico), principal tipo de ômega-3, durante a gestação. Esse nutriente pode ser adquirido por meio da ingestão de peixes de águas profundas, como salmão, e por meio de suplementos. Sua participação é essencial na formação das membranas celulares do sistema nervoso central; auxilia no prolongamento das gestações de alto risco; está associado ao aumento do peso do recém-nascido, do comprimento e da circunferência da cabeça ao nascimento, além de melhorar a acuidade visual, coordenação mãos-olhos, dentre outros benefícios. A ABRAN, por meio de consenso publicado em 2014, recomenda suplementação de 200 mg diariamente.

O comportamento glicêmico gestacional também é merecedor de atenção especial. No transcorrer da gravidez, elevações hormonais como o lactogênio placentário podem originar aumento glicêmico devido a piora da sensibilidade insulínica. Esse quadro ocasiona, de forma sumária, elevação dos níveis de insulina do bebê e aumento do seu crescimento, com possíveis complicações como parto prematuro, perda gestacional, recém-nascidos grandes para a idade gestacional e hipoglicemia neonatal. No entanto, essas complicações podem ser evitadas com diagnóstico precoce e acompanhamento adequado. Para isso, a ADA (American Diabetes Association) e IADP¬SG (International Association of Diabetes and Pregnancy Syudy Groups) recomendam realização de glicemia venosa ao diagnóstico gestacional para detecção de glicemias fora do alvo desejado e teste oral de tolerância à glicose a toda gestante não diabética previamente entre 24 e 28 semanas de idade gestacional. Diante de alterações glicêmicas, o acompanhamento especializado com o endocrinologista é fundamental para a condução adequada da gestação em curso. Nesse contexto, outra questão discutida com frequência na alimentação da gestante é o uso dos adoçantes artificiais. Diversos estudos clínicos não evidenciaram prejuízo à saúde da mãe e do seu bebê, não ocorrendo passagem dos adoçantes pela barreira placentária, sendo seu uso considerado seguro. Recomenda-se preferência pelos adoçantes naturais stévia e sucralose e rodízio no uso dos demais adoçantes artificiais.

No decorrer do último trimestre gestacional, algumas queixas passam a ser frequentes na maioria das gestantes. Para a redução dos efeitos incômodos da azia, orienta-se evitar ingestão de líquidos com a alimentação, o uso de alimentos picantes e ácidos, além de não se deitar antes de 2 horas após a refeição. Estas medidas auxiliam na diminuição da pressão estomacal e redução do relaxamento do esfíncter esofagiano inferior. Em virtude da redução do trânsito intestinal, da atividade física menos intensa e do aumento da pressão uterina sobre o intestino materno, quadros de constipação e hemorroidas podem se manifestar. A alimentação rica em fibras e em água, com uso de suplementos em alguns casos, auxilia nessa condução. Não raro também é o edema gestacional. O fisiológico não requer modificações na dieta e restrição de sódio, devendo ser diferenciado do edema patológico, que requer condução direcionada. Em relação às câimbras, mais frequentes de noite e de extremo incômodo, podem ser aliviadas com a suplementação de magnésio.

Nos últimos anos, vêm-se observando o aumento da frequência de gravidezes gemelares em função da procura mais frequente por clínicas de fertilização. Nestas gestações, orienta-se a ingesta energética diária de 4.000 kcal para grávidas de baixo peso (ganho de peso recomendado de 22 a 28Kg), 3.500 kcal para grávidas de peso normal (ganho de peso recomendado de 17 a 25Kg), 3.250 kcal para grá¬vidas com sobrepeso (ganho de peso recomendado de 14 a 23Kg) e 3.000 kcal para grávidas obesas (ganho de peso recomendado de 11 a 19Kg).  O peso na gestação gemelar deve começar a elevar antes da 8a semana gestacional, com o ganho de peso materno até a 24ª semana sendo decisivo para o peso fetal. O acompanhamento nutricional nesses casos é imperioso devido a influência nutricional no crescimento intrauterino e na duração dessas gestações de alto risco. Dentre outras orientações, recomenda-se um comprimido ao dia de multivitamínico com 100% das RDA (Dose Recomendada Diária), para não grávidas, no 1º. Trimestre e dois comprimidos nos trimestres posteriores. Alguns estudos orientam suplementação adicional de vitamina C (1g) e vitamina E (400UI) para possível efeito redutor de pré-eclâmpsia.

O conhecimento das necessidades nutricionais durante a gestação, bem como os benefícios das reposições precoces são de extrema importância para a saúde gestacional. O uso indiscriminado de suplementos vitamínicos e de minerais na ausência de recomendação médica especializada pode acarretar tantos malefícios quanto o estado carencial. Portanto, toda gestante deve procurar orientação médica apropriada antes de aderir a esquemas terapêuticos suplementares. Dessa forma, o bem-estar do binômio mãe-bebê estará assegurado nesse período de notória importância na vida da mulher.

Dra. Lilian Loureiro A. Cavalcante
CRM/CE: 9764
Médica Responsável
Laboratório Pasteur

 

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