Amamentação: Sempre a melhor opção!

 A  amamentação exclusiva  até os seis meses de idade é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde, a partir de então, deve ser mantido por dois anos ou mais e complementado com alimentos adequados. Toda mãe quer o melhor para o seu filho e, como não poderia ser diferente, ao nascimento o leite materno é a melhor opção de alimento completo para o bebê.

Sendo assim, além de todas as orientações médicas e de todos os embasamentos científicos mostrarem que o leite materno é o melhor alimento até o sexto mês de vida, a maioria das mães tem o sonho de amamentar.  Mas amamentar pode não ser tão fácil ou simples assim…

Existem situações que podem vir a dificultar este momento mágico e muitas vezes o torna um sonho um pouco distante. Por isso nada de culpa! Vamos aqui mostrar alguns dos benefícios que o leite materno proporciona para mãe e para o bebê e algumas saídas para as possíveis situações e complicações que podem surgir durante o processo de amamentação.

Vamos então falar um pouquinho sobre os benefícios da amamentação para a mãe e o bebê:

  1. O leite materno é um alimento completo, contendo nutrientes indispensáveis para o desenvolvimento do bebê nesta faixa etária, além de ser o único composto por substancias protetoras contra vários tipos de doenças infectocontagiosas.  O colostro, substância mais viscosa e com concentrações maiores de proteínas, minerais, vitaminas e agentes imunológicos que o leite “maduro”, só está disponível durante os primeiros dias após o parto. Por isso é tão importante que o bebê tenha acesso a amamentação logo após o nascimento.
  2. A amamentação garante um perfeito desenvolvimento orofacial dos bebês com a realização simultânea de três funções: sucção, deglutição e respiração. Isso quer dizer que estruturas orais como língua, lábio, bochechas, ossos e músculos da face se desenvolvem e se fortalecem com o ato de sugar. A facilitação do processo de sugar pode acarretar futuros prejuízos ortodônticos e fonoarticulatórios (trocas na fala, protrusão de língua, respiração bucal…) para a criança.
  3. A amamentação, a longo prazo, diminui os riscos de diabetes e obesidade da criança.
  4. A amamentação diminui a incidência do câncer de mama, útero, ovário e diabetes.
  5. Propicia a recuperação do peso materno
  6. Logo após o parto diminui o sangramento
  7. Estreita a relação entre mae e filho.

Você já deve ter ouvido alguma mãe falar : “ Eu queria amamentar meu filho e não consegui”. Diante disso, vamos tentar dar algumas dicas para evitar que este momento tão esperado pelas mães possa ser interrompido por falta de orientação correta quanto ao manejo da amamentação.

  1. Durante a gestação, procure dar banho de sol nos mamilos e evite o uso de produtos (cremes, pomadas e hidratantes) que possam deixar a pele mais sensível, pois queremos que ela fique bem resistente.
  2. Se o seu mamilo é do tipo invertido ou plano, você poderá utilizar uma concha com disco rígido para auxílio na amamentação. Esta é recomendada para uso diário, no final da gestação, algumas horas por dia. Lembre-se sempre que o bico do seio não determina a condição da amamentação, este é apenas um facilitador da pega pelo bebê, mas não o essencial para ter uma amamentação de sucesso. Todos os tipos de seio são passíveis de amamentação.
  3. Amamentar o bebê na primeira meia hora de vida é uma atitude que traz muitos benefícios para a amamentação. Os hormônios que atuam na amamentação, prolactina e ocitocina, rapidamente entram em ação durante o parto para acelerar a descida do colostro e se o bebê estimula a mama logo após o parto este processo se completa, garantindo a produção de leite para a amamentação.
  4. É importante oferecer um seio de cada vez, a cada mamada. Isto garantirá que o bebê receba leite rico em proteína e açúcar inicialmente (leite anterior) e após alguns minutos de mamada um leite rico em gordura (leite posterior). A alternância de seios durante a mesma mamada pode desorganizar este ganho de nutrientes, podendo fazer com que o bebê esteja alimentado, porém sem ganhar o peso adequado, este garantido pela gordura proveniente do leite posterior. Sem acesso frequente ao leite “gorduroso” muitos bebês acabam recebendo complemento, visto que não ficam “saciados” (leite rico em gordura garante esta saciedade) e nem ganham peso de forma esperada.
  5. Nos primeiros dias de vida é importante saber que mãe e filho estão em processo de adaptação, bebê aprendendo a mamar e mamãe aprendendo a amamentar. Isto quer dizer que é normal, no primeiro mês, o bebê não ter uma rotina certinha, com hora para mamar ou dormir. Lembre-se sempre que a amamentação tem que ser em horário de livre demanda. Aos poucos você aprenderá a reconhecer o choro de fome, sono, frio, calor, fraldinha suja e, é claro, a hora do “colinho” de mãe! Tudo acontece de forma gradativa, não esqueça de alternar as mamas a cada mamada e de não deixa-lo dormir por mais que três horas seguidas durante o dia sem se alimentar, chame-o! Se o bebê se alimenta bem durante o dia, á noite tende a dormir melhor e aos poucos a rotina vai se instalando.
  6. É muito importante que a mãe ingira bastante liquido durante o período de amamentação, principalmente água. Esta garante boa hidratação, essencial para uma boa produção de leite. Quanto aos alimentos, é interessante que a mãe tenha uma boa alimentação, rica em frutas, legumes, verduras e cereais. Não existe nenhum estudo comprovadamente científico que indique algum alimento como causador de cólicas ou estimulante no aumento da produção de leite. Por isso o que vale é o bom senso: o que é saudável pra mae, também será para o bebê, salvo nos casos em que os bebês desenvolvem intolerância e/ou alergia a determinados alimentos. Nestes casos o pediatra irá diagnosticar e orientar adequadamente a mae, no que diz respeito a sua alimentação.
  7. A “pega” correta do bebê no seio é essencial para evitarmos o aparecimento das famosas fissuras e rachaduras. Vamos então ver algumas dicas iniciais que serão úteis para evita-las enquanto o processo de amamentação é aprendido:
  • Procure ambiente tranquilo, arejado e confortável para amamentar.
  • Sente-se em posição confortável, com os pés apoiados no chão.
  • Segure o bebê virado para você, barriga com barriga, de forma que a cabecinha dele fique na altura do seu cotovelo e sua mão na altura do bumbum dele.
  • A boca do bebê é que vai ao seio, o contrário pode machucar a mama devido ao esforço que o bebê faz para mantê-la em sua boca.
  • Passe seu seio em sua boquinha, ele irá abrí-la de forma ampla, então o ajude inserindo a maior parte do bico e da aréola. Isto irá garantir uma boa pega, sem dor para a mãe e com boa extração de leite (este armazenado diretamente atrás da aréola).
  • Você perceberá que enquanto o bebê mama não existe dor no seio (se existir deve-se tirá-lo e colocar novamente), o bebê está com a boca bem aberta, com os lábios evertidos para fora e com a ponta do seu nariz tocando na mama.
  • Este processo se instala rapidamente e então você poderá amamentar em vários outros locais e de maneiras diferentes!

 Vamos ver agora o que fazer quando situações difíceis correm durante o processo de amamentação.

  1. Cólicas: estas são muito comuns no primeiro trimestre de vida dos pequenos. Elas aparecem devido principalmente á imaturidade do sistema digestivo do bebê. Conforme ele vai amadurecendo, elas desaparecem. Durante as crises é importante não fica o tempo todo oferecendo a mama. Eles ficam ansiosos, querem sugar, ingerem leite e pioram o processo da cólica. Alimente-o como de costume e tente acalentá-lo sem mamar, pois a cólica vai passar.
  2. Ingurgitamento mamário: muito comum nos primeiro dias após o parto. O seio fica “endurecido”, com pontos dolorosos, causado pela estase do leite, um desequilíbrio entre a produção pelo organismo e o consumo do bebê. A mãe deve drenar o excesso deste leite, desmamando sempre antes de colocar o bebê para mamar. Quando a mama está muito cheia o bico e a aréola estão muito esticados, dificultando a pega correta pelo bebê e, invariavelmente, causa fissuras. A ordenha manual é a melhor opção. Continue com a amamentação em livre demanda e logo o seu organismo ajustará a produção de leite.
  3. Fissuras e rachaduras: procure imediatamente ajustar a pega correta, pois foi ela que causou o trauma mamilar. Deixe o ferimento arejado o máximo de tempo possível, passando sempre o próprio leite materno e se necessário, faça uso da conchas para amamentação. As conchas isolam a mama ferida de todo o contato, auxiliando no processo de cicatrização.
  4. Chupetas e mamadeiras: Sempre que possível, evite utilizar estes utensílios durante o processo de amamentação. Sendo realmente necessário, faça uso de chupetas e bicos ortodônticos e procure oferece-los após o primeiro mês de vida, onde a fase de adaptação já passou e o bebê já “sabe” mamar. Isto porque é muito comum a “confusão de bicos”, o bebê faz pega e sucção diferentes na mama e nestes utensílios, causando desmame precoce.
  5. Mastites: Esta é um processo inflamatório agudo, normalmente ocorre no primeiro mês após o parto e acomete apenas uma mama. As causas variam, como ductos bloqueados, fadiga da mae, falhas no mecanismo de proteção materno, traumas mamilares e espaçamento brusco de mamada, dentre as mais comuns. É preciso de diagnóstico e tratamento recomendado pelo médico. Além do tratamento medicamentoso é necessário ordenhar a mama com frequência, evitando a estase do leite e fazendo com que os ductos e alvéolos sejam “lavados” por ele, melhorando a circulação sanguínea na área e auxiliando o tratamento.

Amamentar pode não ser tão fácil, principalmente no período inicial, de adaptação. Mas é um sonho totalmente possível, que deve ser vivido por todas as mães que assim desejarem e é bom sempre lembrar que, ao menor sinal de dúvida ou dificuldade, vale a pena procurar orientação de profissionais especializados no assunto, eles serão facilitadores na realização desse sonho!

Dra. Sylvia Goulart – Personal Baby 

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