Ovários policísticos – algumas perguntas..algumas respostas!

OVÁRIOS POLICÍSTICOS – VOCÊ TEM MESMO ?
Hoje abordaremos um dos assuntos que mais gosto de falar e também um dos que mais estudo. É claro que este assunto não se esgotará no dia de hoje. Ele é simplesmente apaixonante. Imaginem uma paciente cheia de óvulos e que simplesmente não ovula, ou na melhor das hipóteses não gosta de ovular. Um paradoxo. Acho que deveríamos começar pelo diagnóstico, vou tentar! Há muito tempo atrás, os americanos se reuniram, o ano era 1990 e de lá elaboraram os critérios para o diagnóstico desta patologia. Vou listá-los:
1. A paciente não tinha menstruação regular, era aquela paciente que tinha menstruações com mais de 40 dias de intervalo ou aquelas que menstruavam a cada 2,3 quatro meses ou mais. O significado disto era: esta paciente ovula muuuuuito pouco; ou até não ovula.
2. A paciente apresenta sinais de hiperandrogenismo. Mas o que é isso? É a paciente que tem excesso de pêlos e ou acne. Algumas vezes a paciente não tem excesso de acne ou pêlos, mas quando dosa no seu sangue os hormônios masculinos, eles estão aumentados.
3. Por último esta paciente não podia ter doenças na tireóide, adrenal ou hipófise e, portanto teríamos que ter exames descartando estas doenças.
Mas os europeus não aceitavam estas orientações. Eu costumava dizer que não era apenas o oceano atlântico que dividia a Europa da América, mas também o que eles pensavam do ovário policístico. Para os europeus estas pacientes com suspeita de ovários policísticos tinham que ter ultra som mostrando os ovários com estas características – cheios de pequenos cistos – já os americanos não estavam nem aí para o ultra som. Resolveram então se reunir e assim fizeram em 2003 na cidade de Roterdâm um encontro para elaborar um documento único. Os critérios foram estes abaixo:
1. Ovários Policísticos ao Ultra-som.
2. Falta de Ovulação Crônica ou Deficiência de Ovulação.
3. Sinais Clínicos ou Laboratoriais de Hiperandrogenismo.
Todas estas pacientes não podem ter doenças na tireóide, adrenal ou hipófise.
Para o diagnóstico tinha que ter dois critérios positivos. Vamos então colocar situações práticas pra vocês:
• Uma paciente que menstrua todo mês, que faz um ultra som e eles estão cheio de policísticos e que não tem excesso de pêlos ou acne tem esta doença? Resposta: NÃO Observem algo importantíssimo: uma paciente que menstrua todo mês, que não tem excesso de pêlos ou acne e que os ovários são policísticos ao ultra som NÃO TEM NENHUM PROBLEMA, NÃO PRECISA USAR NENHUM MEDICAMENTO, ESTA PACIENTE SIMPLESMENTE NTE É NORMAL. Até 25% de pacientes completamente normais, quando fazem um ultra som eles são policísticos. Estas pacientes não tem nada!
• Uma paciente menstrua de forma completamente irregular, tipo mês sim e três não faz um ultra som e os ovários não tem nada de mais e tem excesso de pêlos. Se ela não tiver nenhuma doença na hipófise, adrenal ou tireóide então esta paciente tem a doença ovariana policística.
As vezes vai ao meu consultório pacientes que menstruam todo mês, não tem excesso de pêlos ou acne usando anticoncepcional como tratamento. Mas estas pacientes são normais !! Não precisam usar nada.

QUAL A CHANCE QUE EU TENHO DE TER ESTA DOENÇA ?
Acredita se que esta patologia afete em torno de 10% das mulheres que estão na faixa de idade reprodutiva, ou seja, pacientes que tem entre 15 e 45 anos de idade.

SE EU TIVER ESTA DOENÇA QUAL A CHANCE DE ENGRAVIDAR SEM NENHUM TRATAMENTO ?
Vamos começar a responder esta pergunta mostrando primeiramente as chances de uma gravidez natural em quem não tem nenhum problema. Os números funcionam assim: em pacientes que menstruam todo mês, ovulam portanto regularmente, tem trompas normais, espermograma sem alterações, uma média de duas relações por semana, sem método contraceptivo, tem 20 a 25% de chance de engravidar se e somente se todos os critérios acima estejam preenchidos e você tenha menos de 27 anos. Pois bem, a chance de uma mulher engravidar naturalmente portadora da doença ovariana policística ( e não apenas do ultra som mostrar ovários policísticos ) é de apenas 4 a 6% ao mês. Mas é bom que se diga que os tratamentos relacionados à reprodução assistida tem números bem mais confortáveis do que estes apresentados.

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