Células-tronco – Dr. Evangelista Torquato

Comunidades científicas internacionais se voltam para o estudo das células-tronco, que originam outras células e são capazes de regenerar tecidos

Maria Clara, Maria Eduarda e Maria Laura, menos de um mês de vida, dormem e acordam ouvindo música clássica. O hábito foi iniciado ainda na barriga da mãe, a nutricionista Socorro Parente Torquato, para que as meninas tivessem um sono tranqüilo. Na gestação, Socorro e o marido, o médico Sebastião Evangelista Torquato Filho, decidiram tomar outro cuidado com a saúde das filhas. Assim que nasceram, as trigêmeas tiveram o sangue do cordão umbilical congelado. Um tanque de nitrogênio líquido guarda o patrimônio celular das pequenas.

As cearenses fazem parte de uma grande transformação na medicina: a terapia com células-tronco. O Ceará já tem a tecnologia de congelamento de células-tronco de sangue do cordão umbilical. ”Fico bem mais tranqüilo. Porque, se elas tivessem alguma doença no futuro, como leucemia, iria ter uma culpa enorme por não ter feito”, diz o médico Torquato, que é diretor científico da clínica de reprodução humana Bios, tem capacitação em congelamento de células-tronco de sangue de cordão umbilical e fez o congelamento de células-tronco das próprias filhas. Ele já coletou o sangue do cordão umbilical de oito pacientes e tem mais 10 agendados para este mês.

O interesse de pacientes pela tecnologia se dá porque as células-tronco são tidas como neutras, ainda não têm características que as diferenciem, como células do coração, por exemplo. São alvo de atenção dos cientistas e médicos justamente pela capacidade de se diferenciar em outros tecidos. Daí, o nome células-tronco: de onde se originam outras células. No mundo todo, pesquisas mostram que as células-tronco podem recompor tecidos danificados, apontando a possibilidade de tratar inúmeras doenças, como as cardíacas, alguns tipos de câncer, o mal de Parkinson e de Alzheimer, doenças autoimunes e até mesmo lesões na coluna.

”A terapia com células-tronco vai ser como a penicilina da década de 40. Muita gente morria de infecção e a penicilina mudou o direcionamento da saúde no mundo. Agora, as células-tronco mudam a rota, passamos a ter uma terapia celular”, frisa Torquato.

Além de poderem ser extraídas de tecidos maduros como do cordão umbilical ou da medula óssea, as células-tronco também podem ser retiradas de embriões. As células-tronco de tecidos maduros são mais especializadas e originam apenas alguns tecidos do corpo. Já as células-tronco embrionárias são mais versáteis e têm a capacidade de formar qualquer tecido.

”Se hoje, você tem uma doença, toma um remédio. Depois, terá a possibilidade de fazer terapia com células. Há a possibilidade de ter células novas injetadas no organismo. É uma mudança de paradigma. É preciso que haja conferências, debates”, analisa Torquato. O assunto envolve saúde, ciência, questões éticas, legais e políticas. Isso porque os cientistas desejam pesquisar as células-tronco embrionárias para possíveis tratamentos porque se mostram, cada vez mais, potentes para formar qualquer tecido.

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