Congresso Europeu de Reprodução Humana – Dr. Evangelista Torquato

Estive recentemente no 23º Congresso Europeu de Reprodução Humana realizado entre 01 e 04 de julho na cidade de Lyon. É sempre bom visitar um país pertencente ao bloco dos desenvolvidos. Lyon é uma cidade bastante agradável. Impecavelmente limpa. Vê se ali o poder público presente. Andar pelas ruas da cidade após jantar e não ter a menor preocupação com segurança é um sentimento quase proibido por estas bandas do mundo. Mas não gosto de fazer apologia a este povo em detrimento do nosso. Tenho a clara noção que também não poderia ser diferente. Eles estão se organizando há mais de 2.000 anos. Nós, somos quase adolescentes, temos pouco mais de 500 anos formando a nossa cultura e tentando nos organizar. Há um longo caminho a percorrer.

Ainda Sobre a Europa.

Há quase três anos quando estava chegando de uma viagem a Roma, vinha com uma enorme vontade de comer arroz e feijão, aí chegando ao saguão do aeroporto me dirigi a um senhor que estava passando o rodo no chão e perguntei:
– O senhor sabe onde posso comer arroz com feijão?
Ele encostou o rodo na parede, pegou-me pelo braço e apontou em uma direção e disse-me:
– O senhor vá aqui nesta reta e naquela placa amarela dobre a esquerda, tem um baião de dois com ovo que o senhor vai adorar.
Senti que estava no meu país. Senti que estava perto do meu povo… E como amo este povo!

No Congresso…

O Congresso foi bom. Tenho algumas novidades. Vamos a elas:

Um dos pontos mais desgastantes quando se faz uma fertilização “in vitro” é o uso diário de medicamentos injetáveis. Uma indústria farmacêutica mostrou para o mundo um medicamento injetável que pode ser usado a cada sete dias. Isto tornaria bem mais confortável o tratamento. Este medicamento esta em fase III. Vamos esperar um pouco mais;

Foi lançado no Congresso um aparelho que serve para atestar a viabilidade do embrião antes da sua transferência para o útero;

A Europa lançou uma norma diretiva de orientação de funcionamento das Unidades de Reprodução Humana; tal qual fez aqui recentemente a Anvisa. Nesta norma consta o tratamento do ar ambiente dentro dos laboratórios de Fertilização “in vitro”. O Centro de Medicina Reprodutiva BIOS, um laboratório classe 100 – isto quer dizer que o ar dentro do laboratório tem menos de 100 partículas suspensas no ar – sem este sistema de tratamento, o ar pode ter milhões.

A Sociedade contemporânea pós-industrial tem criado estilos de vida que podem impactar o nosso potencial reprodutivo. A gestação mais tardia, o fumo, a obesidade, o uso de bebidas alcoólicas e o estresse estão entre estilos. Vamos a partir de hoje analisar cada um deles sob um prisma mais científico. Vamos começar pelo fumo:
O que o paciente pode fazer para melhorar um tratamento de Fertilização
“in vitro”.

O hábito de fumar afeta negativamente a produção de espermatozoides, a sua capacidade de se movimentar e a usa morfologia. Além de poder agredir seu DNA (Kunzle 2003);

A menopausa ocorre mais cedo em mulheres que fumam (Baron 1990);§Na mulher, pode alterar os hormônios no momento que esta ocorrendo à implantação do embrião (Younglai 2005);

A zona pelúcida capa que recobre o óvulo fica mais espessa nas mulheres que fumam. E esta capa mais grossa pode dificultar a entrada do espermatozóide (Shiloh 2004);

A infertilidade – incapacidade de conceber em um ano de tentativa – é mais frequente em pacientes fumantes;

Pacientes fumantes tem menos chances de se tornarem grávidas quando se submetem a uma fertilização “in vitro” quando comparadas com não fumantes;

Cresce as evidências que as fumantes passivas também têm menos chances de engravidar, quando fazem uma fertilização “in vitro” (Neal 2005); E as doenças cardíacas, pulmonares, os efeitos do fumo sobre o feto.

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